quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Manifesto em defesa da Língua Portuguesa contra o novo acordo ortográfico


Ex.mo Senhor Presidente da Repúblca
Ex.mo Senhor Presidente da Assembleia da República Portuguesa
Ex.mo Senhor Primeiro-Ministro de Portugal

1 – O uso oral e escrito da língua portuguesa degradou-se a um ponto de aviltamento inaceitável, porque fere irremediavelmente a nossa identidade multissecular e o riquíssimo legado civilizacional e histórico que recebemos e nos cumpre transmitir aos vindouros. Por culpa dos que a falam e escrevem, em particular os meios de comunicação social; mas ao Estado incumbem as maiores responsabilidades porque desagregou o sistema educacional, hoje sem qualidade, nomeadamente impondo programas da disciplina de Português nos graus básico e secundário sem valor científico nem pedagógico e desprezando o valor da História.Se queremos um Portugal condigno no difícil mundo de hoje, impõe-se que para o seu desenvolvimento sob todos os aspectos se ponha termo a esta situação com a maior urgência e lucidez.


2 – A agravar esta situação, sob o falso pretexto pedagógico de que a simplificação e uniformização linguística favoreceriam o combate ao analfabetismo (o que é historicamente errado), e estreitariam os laços culturais (nada o demonstra), lançou-se o chamado Acordo Ortográfico, pretendendo impor uma reforma da maneira de escrever mal concebida, desconchavada, sem critério de rigor, e nas suas prescrições atentatória da essência da língua e do nosso modelo de cultura. Reforma não só desnecessária mas perniciosa e de custos financeiros não calculados. Quando o que se impunha era recompor essa herança e enriquecê-la, atendendo ao princípio da diversidade, um dos vectores da União Europeia.Lamenta-se que as entidades que assim se arrogam autoridade para manipular a língua (sem que para tal gozem de legitimidade ou tenham competência) não tenham ponderado cuidadosamente os pareceres científicos e técnicos, como, por exemplo, o do Prof. Óscar Lopes, e avancem atabalhoadamente sem consultar escritores, cientistas, historiadores e organizações de criação cultural e investigação científica. Não há uma instituição única que possa substituir-se a toda esta comunidade, e só ampla discussão pública poderia justificar a aprovação de orientações a sugerir aos povos de língua portuguesa.


3 – O Ministério da Educação, porque organiza os diferentes graus de ensino, adopta programas das matérias, forma os professores, não pode limitar-se a aceitar injunções sem legitimidade, baseadas em “acordos” mais do que contestáveis. Tem de assumir uma posição clara de respeito pelas correntes de pensamento que representam a continuidade de um património de tanto valor e para ele contribuam com o progresso da língua dentro dos padrões da lógica, da instrumentalidade e do bom gosto. Sem delongas deve repor o estudo da literatura portuguesa na sua dignidade formativa.O Ministério da Cultura pode facilitar os encontros de escritores, linguistas, historiadores e outros criadores de cultura, e o trabalho de reflexão crítica e construtiva no sentido da maior eficácia instrumental e do aperfeiçoamento formal.


4 – O texto do chamado Acordo sofre de inúmeras imprecisões, erros e ambiguidades – não tem condições para servir de base a qualquer proposta normativa.É inaceitável a supressão da acentuação, bem como das impropriamente chamadas consoantes “mudas” – muitas das quais se lêem ou têm valor etimológico indispensável à boa compreensão das palavras.Não faz sentido o carácter facultativo que no texto do Acordo se prevê em numerosos casos, gerando-se a confusão.Convém que se estudem regras claras para a integração das palavras de outras línguas dos PALOP, de Timor e de outras zonas do mundo onde se fala o Português, na grafia da língua portuguesa.A transcrição de palavras de outras línguas e a sua eventual adaptação ao português devem fazer-se segundo as normas científicas internacionais (caso do árabe, por exemplo).
Recusamos deixar-nos enredar em jogos de interesses, que nada leva a crer de proveito para a língua portuguesa. Para o desenvolvimento civilizacional por que os nossos povos anseiam é imperativa a formação de ampla base cultural (e não apenas a erradicação do analfabetismo), solidamente assente na herança que nos coube e construída segundo as linhas mestras do pensamento científico e dos valores da cidadania.


Os signatários,

Ana Isabel Buescu
António Emiliano
António Lobo Xavier
Eduardo Lourenço
Helena Buescu
Jorge Morais Barbosa
José Pacheco Pereira
José da Silva Peneda
Laura Bulger
Luís Fagundes Duarte
Maria Alzira Seixo
Mário Cláudio
Miguel Veiga
Paulo Teixeira Pinto
Raul Miguel Rosado Fernandes
Vasco Graça Moura
Vítor Manuel Aguiar e Silva
Vitorino Barbosa de Magalhães Godinho
Zita Seabra

A recolha de assinaturas continuará em linha na internet aguardando a marcação da sessão da Assembleia da República que a apreciará, dado que atingiu as 4 000 assinaturas para tal necessárias, as quais estão a ser diariamente reforçadas neste endereço: www.ipetitions.com/petition/manifestolinguaportuguesa

Actualização: 90 601 assinaturas às 23h58 de 02/08/2008

blog oficial da petição

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

terça-feira, 5 de agosto de 2008

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segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Plágio escolar: Como prevenir e combater


De cada vez que, nas acções de sensibilização em que participo como orador ou formador, abordo a questão do plágio escolar, apercebo-me do problema crescente que este fenómeno representa. Este artigo pretende ajudar pais e professores a prevenir, detectar e combater este fenómeno.


Geralmente abordo esta questão contando uma história pessoal, passada comigo e com um dos meus filhos e que, há uns cinco anos atrás me despertou para esta realidade. Quando conto esta história, rapidamente me apercebo onde estão os professores entre a audiência. Percebo-lhes os sorrisos, os abanares de cabeça, os comentários para o lado, os suspiros, enfim. Puxo por eles e geralmente, partilham as suas experiências e frustrações com a restante audiência. E é nessa altura que, partilhando experiências, todos nos apercebemos que este é um problema transversal, isto é, abrange todos os níveis de ensino. Do básico ao superior. é mais neste nível de ensino que, também em Portugal, se verifica a existência de um comércio de trabalhos escolares, comércio esse que, em alguns países, assume contornos de autêntica indústria com inúmeros sites a oferecerem trabalhos já feitos e outros a oferecerem serviços de escrita à peça.


De Pequenino se Torce o Pepino


A insensibilização para o plágio começa desde cedo. Muitas vezes ainda no pré-escolar. Por exemplo, na pesquisa de imagens para ilustrar trabalhos escolares. No entanto, se esse incentivo não for acompanhado desde cedo pela criação do hábito de citação das fontes - mesmo que de imagens se tratem - dificilmente conseguiremos criar esse hábito posteriormente. O hábito já foi adquirido e alterar comportamentos é complicado. Quanto mais cedo eles forem adquiridos, mais complicado se torna alterá-los.


Premiar a Utilização de Outras Fontes


Cada vez mais cedo os miúdos são incentivados a incluírem a Internet nas suas pesquisas para trabalhos escolares. Da tal forma, que esta se tornou para muitos a sua única ferramenta de pesquisa. Assim, é importante incentivarmos e premiarmos a utilização de outras fontes de informação para além da Internet.


Como Fazer um Trabalho Escolar


Tenho por vezes a sensação que muitos alunos acabam por recorrer ao plágio, porque pura e simplesmente não o sabem fazer de outro modo. Não sabem estruturar e desenvolver um trabalho. Ensinar como o fazer é assim uma medida importante para prevenir a tentação da simplificação do ",copy/paste". A este nível, o software de apresentações como o PowerPoint, ou outro com funcionalidades ao nível do "outline", pode ser útil, como também poderá ser o software de desenvolvimento de
mapas mentais.

Solicitar Apresentações Orais


Outra ferramenta que pode ajudar os professores é a solicitação aos alunos de apresentações orais dos trabalhos desenvolvidos. Os alunos que se limitem a um trabalho de "copy/paste" evidenciarão as suas fragilidades. E a este nível, dado o número de alunos de algumas turmas, será útil privilegiar os trabalhos de grupo, onde a apresentação é feita pelos diversos elementos do grupo.


Usar Software de Detecção de Plágio


A solicitação de trabalhos em formato digital, também pode ajudar. Desta forma, extractos de frases do trabalho podem ser confrontadas com pesquisas num motor de busca tendo em vista a detecção de documentos com frases iguais. Mas existem já sites na Internet vocacionados para a detecção de plágio e algumas Universidades Portuguesas subscrevem já os seus serviços para utilização pelos seus docentes. Por outro lado, existem também software comercial - algum a preços muitos acessíveis - que cumpre função semelhante. E existem também mais de uma dezena de programas gratuitos que cumprem a mesma função. O desafio aqui é incentivar também os estudantes a usarem este tipo de software para detectarem eventuais problemas de plágio antes deste ser detectados pelos seus professores.


Adoptar um Código de Honra


Segundo Aurora Teixeira, uma docente da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, que estudou aprofundadamente a questão da fraude académica, a adopção de um Código de Honra é uma importante ferramenta que pode influenciar positivamente o comportamento dos estudantes a este nível. Segundo esta investigadora, "nos estabelecimentos de ensino onde ele está previsto, a probabilidade de fraude académica é muito inferior".


Para além das questões relacionadas com a ética, justiça, segundo o sociólogo Ivo Domingues, a fraude académica afecta a competitividade dos portugueses. Mas para além destas razões que nos devem motivar a prevenir, detectar e combater o plágio, uma assume primordial importância: "os países onde os alunos universitários mais admitem copiar nos exames são também aqueles onde o índice de corrupção é mais elevado". Esta conclusão, mostrando uma forte correlação entre estas duas realidades, resulta de um estudo envolvendo 21 países, em quatro continentes, desenvolvido por Aurora Teixeira e Fátima Rocha, docentes da Faculdade de Economia da Universidade do Porto.



Tito de Morais

Para mais tarde recordar ...

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Um olhar sobre Portugal e a Educação (vol.III)


Um olhar sobre Portugal e a Educação ( vol.II )